- MARYANN O' ROSE
– Da morte? – ele me encarou
– Sim – mexi na gola da sua camiseta
– Já – respondeu – me assusta porque nunca consigo pensar em algo bom, não importa o que religiões ou as pessoas digam
– Te assusta?
– É... a morte me assusta, não por mim, mas pelas pessoas que eu gosto... me sinto mal e o pior é saber que a pessoa não teve escolha
– Tem pessoas que tem a escolha
– Não acredito nisso, acho que todo mundo tem sua hora... por que estamos nesse assunto mesmo? – parecia incomodado
– Gosto de conversar com você sobre as coisas que eu tenho dúvida, normalmente tem boas respostas, e ontem eu tive um sonho
– Sobre?
– Eu estava dentro de uma caixa, quando consegui abrir notei que eu estava morta, não sei exatamente como eu sabia disso... bem, resumindo, o que mais me deixou confusa foi um papel escrito "segunda chance"
– Me faz um favor? Não volte mais nesse assunto
– Ficou preocupado, Malik? – sorri provocativa
– Estou falando sério com você, Maryann
– Sabe que eu prefiro Mary
– Eu sei, mas é pra notar que estou falando sério com você
O silêncio reinou, mas não havia ficado brava, diferente dele que parecia incomodado com que eu havia falado.
Qualquer um se perguntaria "por que puxar um assunto desse com o namorado?", mas já que falo sobre tudo com ele, achei que isso não faria diferença nenhuma.
Aproveitei que estávamos deitados em sua cama e fiquei por cima dele, depositei um beijo calmo e seus lábios e apoiei meus braços na cama para poder olhar em seu rosto.
– Não sabia que isso te incomodava
– É que já perdi muitas pessoas, só de cogitar em te perder também me incomoda muito – acariciou meu rosto – demorei cinco anos pra te notar, não pode acabar sem mais nem menos
– Nem parece que vamos nos mudar pra cá – sorri – ter uma casa só nossa - ele me beijou
Deitei a cabeça sob seu peito e ele beijou meu rosto, tinha certeza que Zayn sorria.
Fomos amigos por cinco anos, desde o segundo ano do ensino médio, ambos sempre procurando alguém que fosse o suficiente pra sentir algo, quando paramos de procurar notamos que esse "alguém" estava bem do nosso lado o tempo todo.
Namoramos por três meses, mas não foi algo que entrou na rotina, sempre foi intenso cada dia que passamos juntos, e por que não arriscar viver juntos?
Começar algo diferente na vida parece maravilhoso e tudo finalmente está indo muito bem.
DIA SEGUINTE – 08:00 P.M. – Oxford, Inglaterra
Coloquei meu fones, deixei a música no aleatório e esperei o sinal fechar para que eu pudesse atravessar até o estacionamento.
A música que começou Another love – Tom Odell, é um tanto depressiva, mas eu gostava do piano, me fazia querer dançar ali mesmo, nem ao menos notei que não passava nenhum carro na rua e que eu poderia atravessar.
But it's so cold and I don't know where
Quando coloquei o pé para atravessar, os carros começaram a vir... que sorte a minha, não?
Voltei para a calçada e coloquei as mãos no bolso do moletom, esperando o sinal que parecia estar quebrado pela demora.
And I wanna kiss you, make you feel alright
Escutei um barulho de tiros, puxei o lado esquerdo do fone e notei o tiroteio bem no cinema do lado, sem pensar, no momento de desespero, atravessei correndo e fui atingida por um carro.
As buzinas, gritos, tiros e outros barulhos que poderiam ser ensurdecedores iam diminuindo aos poucos. É estranho quando se sente que tudo acabou, é uma sensação de vazio e então lembranças, fechei meus olhos, pensando na minha mãe, no meu padrasto que considero como um pai, no meu pai já falecido, no meu irmão e por último.... Zayn. Queria lutar pela vida, apenas pra não ver essas pessoas chorarem por mim, mas eu tinha certeza que havia acabado, a dor era agonizante, podia ouvir as sirenes, mas já era tarde demais, por incrível que pareça foi como cair no sono, o único problema foi saber que eu não iria acordar.
And I wanna cry, I wanna learn to love
But all my tears have been used up
CONTINUA....
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